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28/08/2011

Educação Financeira e seu valor


Por em 18:24

Dinheiro-em-arvores-Compra, manhê!!!”

Quem nunca ouviu dos filhos uma súplica como essa? É difícil admitir, mas todo pai ou mãe normal já levou para casa, contra a vontade, a enésima versão do videogame do garoto ou o supérfluo pompom para combinar com a capinha do celular da menina. Se você já fez isso, não se martirize. É mesmo difícil resistir aos apelos dos pequenos. Mas também não se resigne, porque essa tarefa não é impossível. Com convicção e persistência, podemos ensinar a meninada a consumir com consciência e a gastar bem seu dinheirinho – agora e no futuro.

Sim, pois essas gracinhas que hoje fazem birra para conseguir o que querem um dia terão 30, 40 anos e viverão em um mundo complexo e desafiador. Cabe a nós prepará-los. “O jeito como lidamos com as finanças reflete nossas emoções, ambições, valores e auto-estima”, diz a especialista em educação financeira Cássia D’Aquino. “É fácil ver em adultos mimados, que agem como se o mundo lhes devesse favores, traços egocêntricos da criança que cresceu sem limites.”

O consultor de empresas e de família Marcio Mussel considera básico explicar que o dinheiro tanto pode facilitar a vida como trazer complicações, quando mal utilizado. Ele é um dos especialistas que consultamos para listar as “boas práticas”. Mas atenção: elas só funcionam se você der o exemplo. “A criança toma os pais como modelo”, diz Mussel. A psicóloga Maria Stella Junqueira Rebouças concorda: “Se eles valorizam aspectos superficiais, como grifes e modismos, o filho fará o mesmo”. Em resumo: não adianta caprichar nos discursos anticonsumistas e trocar seu celular toda vez que sair um modelo novo.

Não nasce em árvores


Mostre que o dinheiro é fruto do trabalho. O aprendizado deve começar entre 2 e 3 anos. Aos 2 anos, Maria Clara Andrade já pede moedas para guardar no cofrinho. Nessa idade, a criança é capaz de reconhecer cédulas e moedas e de cuidar para não estragarem. “Ensine cuidados concretos, pois ela ainda não entende abstrações”, recomenda a especialista em educação financeira Cássia D’Aquino. Se você diz que está sem dinheiro, por exemplo, é comum ouvir do baixinho: “Pega no caixa eletrônico”. Em vez de ironizar com “dinheiro não dá em árvore”, é melhor mostrar concretamente de onde vêm os recursos da família. “Leve-o ao seu trabalho, não para brincar, mas para explicar qual é sua ocupação”, diz Cássia. “Senão, ao ver os pais sair para ‘ganhar dinheiro’, ele pensa que estão indo ao banco”.

A noção de que dinheiro existe para troca também é valiosa na formação, lembra Marcio Mussel. Você pode passá-la aos poucos e de várias maneiras, inclusive contando histórias sobre a origem do dinheiro. Para a psicóloga Stella Rebouças, é ideal os pequenos saberem que tudo o que eles têm (casa, comida, escola, brinquedo) é fruto do trabalho. “Até se você receber uma herança, explique que um antepassado trabalhou para isso”, diz.

Alegria não se compra


Não vincule o prazer de conviver em família a consumo. Se o tempo com seu filho for usado para passear em shoppings ou ver TV, expondo-o à publicidade, é possível que ele aos poucos associe o prazer de conviver com os pais às compras. Faça outros programas, com o objetivo de construir, aprender, criar, ampliar os horizontes. Não é difícil. Vai desde atividades mais culturais, como visitar museus e livrarias, até programas pouco pretensiosos, como montar um quebra-cabeças, fazer uma pescaria ou andar de bicicleta.

Não se intimide com os pedidos que o baixinho fizer e resista à tentação de projetar nele seus sonhos: “Meu filho terá tudo que não tive”. Cássia lembra que é da natureza da criança insistir, e é função paterna impor limites.

Querer não é precisar


Ensine a diferença entre “quero” e “preciso”. Letícia, de 11 anos, demorou a entender que querer um celular não significava precisar dele. “Queria porque todos na classe tinham”, diz a mãe, que não lhe deu um. Luana, de 9, soube que precisava, sim, de tênis novos, pois seus pés haviam crescido, mas comprar três pares, como queria, seria demais.

Levar a criança a refletir sobre por que quer algo é um bom exercício. Os pais podem ainda mostrar o que é caro e barato, diz Cássia. Ela é a favor de se levar a criança ao mercado, chamando-a antes para fazer a lista. Além de ela ser apresentada a um orçamento, pode-se negociar com ela a inclusão de guloseimas e evitar compras por impulso. À medida que amadurecer, o filho deve participar de decisões maiores, como a viagem de férias. Explique que as necessidades vão além de comer, morar e vestir. Um quadro, música ou viagem alimentam nossas demandas estéticas e de lazer, que também importam.

Fixe uma mesada


Leve a mesada a sério. Ela é um excelente meio para ensinar a lidar com dinheiro, desde que você respeite seu caráter educativo: dar condições à criança de estabelecer e cumprir um orçamento. Mesada é diferente de dar “uma grana”, que ela pede mais quando acaba ou se não quer gastar a dela. Isso não é bom. “Assim, ela aprende é a manipular o adulto”, diz Cássia. Presentes, só em datas especiais, aconselha a psicóloga Stella: “Se você dá tudo o que seu filho pede, tira dele a chance de se tornar um adulto forte e consistente.”

Deve-se fixar um dia para dar a mesada e combinar que gastos vai cobrir (se inclui o lanche na escola, por exemplo). O valor deve ser pequeno. Cássia sugere 1 real por idade por semana. Se o garoto tiver 11 anos, serão 11 reais semanais. Dos 3 aos 10 anos, a especialista acha melhor dar semanada, mais fácil de gerir. E nunca condicione o pagamento a realização de tarefas domésticas. “Ajudar em casa é um ato de solidariedade familiar, ninguém é pago para isso”, diz a psicóloga Stella Rebouças.

Estimule a poupança


Parte da mesada deve ir para a poupança. “A criança precisa aprender desde cedo que, se não guardar o dinheiro, não terá o que quer”, diz o consultor Marcio Mussel. Lidar bem com dinheiro implica capacidade de adiar a satisfação em função de um futuro benefício. “Mostre que vale a pena esperar para ter algo importante”, diz. Ele sugere que os pais a estimulem a ter uma meta de consumo, como um computador. “Até comprar o que deseja, há uma trajetória de economia e restrições, o que a fará valorizar sua aquisição”, diz. “Ter uma poupança cria disciplina, dá limite e ensina auto-respeito”, diz Cássia.

Ângela e Geraldo, pais de Flora, 9 anos, começaram a lhe dar uma pequena mesada há poucos meses, para ela fazer o que quisesse. Para surpresa de todos, Flora está poupando cada centavo para realizar um sonho: comprar um cachorro. “Não queríamos animais, mas vendo o esforço dela mudamos de ideia”, conta Ângela.

Ensine a compartilhar

Financial-Education


Encoraje a doação e a partilha. Ensine seu filho a enxergar além do umbigo, separando uma parte da mesada para doar. Pode ser um valor simbólico, suficiente para ele incorporar o conceito de altruísmo – o oposto de egoísmo, de egocentrismo. Estimule-o a se desfazer de roupas e brinquedos que não usa. Márcio Mussel lembra que a criança é naturalmente egoísta. Se os pais reforçarem esse egoísmo, ela terá dificuldade de conviver em sociedade. Compartilhar ajuda a reconhecer o outro, ensina que não estamos sozinhos no Universo.

O conceito de doação vai além dos bens materiais. Para Marcio Mussel, a generosidade implica “compartilhar, conviver socialmente, compreender o mundo dos outros”. No entender do consultor, nossos filhos serão pessoas melhores se os estimularmos a dar e receber. Ligar para a avó para saber de sua saúde ou abrir a porta do elevador para o vizinho são bons exemplos de respeito e consideração com o próximo.

Reforce seus valores


Um casal descobriu que sua galinha botava ovos de ouro. Na ânsia de saber como aquilo funcionava para poder enriquecer mais depressa, os dois cortaram a barriga da ave. A galinha morreu e eles ficaram sem nada. Moral da história: “Quem tudo quer tudo perde”. A leitura de fábulas como essa, do escritor francês Jean de La Fontaine (1621-1695), auxilia os filhos a formar uma identidade independente do saldo bancário. “Não há problema nenhum em ensinar as ‘virtudes’em que você acredita”, afirma a psicóloga Stella Rebouças.

Esse arcabouço moral é de grande valia quando o jovem é confrontado com os apelos do consumo. “Ensine-o a buscar seu conteúdo interior, a ter uma visão mais abrangente. Se ele valorizar o ‘ser’, em vez do ‘ter’, suas prioridades serão outras”, diz Mussel.

Olho no desperdício


Chame a atenção da criança para o tanto que desperdiçamos de coisas – em casa, na cidade, no país, no mundo. “Mostre que cortar uma fatia de bolo maior do que ela consegue comer é desperdício”, diz a psicóloga Stella. “Está jogando fora não só os ingredientes, mas o trabalho de várias pessoas.”

As lições de economia podem prosseguir com a reciclagem do lixo doméstico, o bom uso da energia elétrica, a utilização racional do telefone. Importante é criar hábitos que sejam compreendidos e assimilados. A mãe de João, 12 anos, surpreendeu-se diante da reação do filho ao flagrar os colegas fazendo “guerra de brigadeiro” em seu aniversário. “Eles não sabem que brigadeiro custa caro?”, indignou-se o garoto.

Valorize a gratidão


Em vez de dar corda às infindáveis reclamações infantis, faça o contrário: desenvolva em seu filho a capacidade de sentir-se grato e de expressar isso. Sabe a história do meio copo d’água, que pode ser visto como “meio cheio” ou “meio vazio”? “Faça-o reparar naquilo que ele tem, e não no que ele acha que lhe falta”, diz a psicóloga Stella Rebouças.

Gratidão é reconhecer que você recebeu algo. Treine-o nessa prática, lembrando-o de agradecer o presente que ganhou do tio ou a gentileza do amigo que o levou para um passeio. Chame a atenção para o fato de ele ter saúde, família, amor, roupas e brinquedos. Esse olhar funciona como vacina contra o consumismo desenfreado, futura fonte de insatisfação. E reforça o aprendizado de que não estamos sós. Se conviver com essa ideia desde pequena, a criança saberá respeitar e valorizar o outro. 

Isabel Vieira
Fonte: Site Revista Vida Simples

Sobre Ricardo F.S:

Ricardo F.S é administrador da empresa Ricardo Arts em Valparaíso e dos blogs Blog Ricardo Arts , Dinheiro sem Limite , Ricardo Sempre , Verdade Urgente e Processo Blogs na internet. Possui curso completo de informática e internet e possui anos de conhecimento com blogs. Atualmente trabalha como letrista, desenhista e pintor; prestando serviços também na web com design. Para saber mais clique aqui.

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